Com o passar dos anos, é comum que muitas mulheres se perguntem se estão “na idade certa” para engravidar. Seja por priorizar a carreira, por não ter encontrado o parceiro ideal, ou por simplesmente não se sentirem prontas, adiar a maternidade é uma realidade cada vez mais presente.
A fertilidade da mulher está diretamente ligada à quantidade e à qualidade dos óvulos — e ambas sofrem alterações naturais ao longo do tempo. Por isso, é importante entender como a idade impacta a capacidade reprodutiva, quais são os exames que ajudam a avaliar essa reserva ovariana, e quais estratégias podem ser adotadas para preservar o sonho da maternidade com segurança.
Se você está nesse momento de dúvidas ou planejamento, este conteúdo é para você. A informação certa pode te ajudar a tomar decisões conscientes e, principalmente, a buscar o acompanhamento adequado.
Como funciona a fertilidade ao longo dos anos?
A mulher já nasce com todos os óvulos que terá ao longo da vida. Esse número, que chega a aproximadamente um milhão ao nascimento, começa a cair ainda na infância e segue diminuindo com o passar dos anos. Por volta da puberdade, essa reserva já se reduz para cerca de 300 mil, e apenas uma pequena parte desses óvulos será utilizada nos ciclos menstruais.
A partir dos 35 anos, a qualidade dos óvulos também começa a cair de forma mais acelerada. Isso significa que, mesmo quando há ovulação, a chance de um óvulo ser fertilizado e gerar uma gestação saudável diminui. Além disso, aumenta o risco de alterações genéticas no embrião e de abortos espontâneos.
Após os 37 anos, a fertilidade da mulher sofre um declínio mais significativo. Embora ainda seja possível engravidar de forma natural, a probabilidade é menor, e os riscos obstétricos são maiores.
Quais são os sinais de que a fertilidade pode estar diminuindo?
Um dos primeiros sinais de que a reserva ovariana está diminuindo é a alteração no padrão menstrual. Os ciclos podem se tornar mais curtos, longos ou até mesmo irregulares. A ovulação pode deixar de acontecer em alguns meses, mesmo com o ciclo ainda ocorrendo, o que impacta diretamente a capacidade de engravidar.
Além disso, mulheres que começam a tentar engravidar após os 35 anos e não conseguem após seis meses de tentativas, já devem procurar avaliação médica. Antes dessa idade, o prazo de tentativa natural é de até 12 meses. Esses prazos são importantes porque, quanto antes se inicia o acompanhamento, mais opções terapêuticas podem ser consideradas.
Outros fatores, como histórico de doenças ginecológicas (endometriose, miomas, cirurgias ovarianas) ou hábitos de vida pouco saudáveis, também podem acelerar a perda da fertilidade. Portanto, mesmo sem sintomas aparentes, é importante se manter atenta ao que o corpo comunica.
Entenda como avaliamos a fertilidade
Hoje, existem recursos bastante acessíveis para avaliar a reserva ovariana da mulher. Um dos exames mais utilizados é o hormônio antimülleriano (AMH), que indica com boa precisão a quantidade estimada de óvulos ainda disponíveis. Ele pode ser feito por exame de sangue e não depende da fase do ciclo menstrual.
Outro exame importante é a ultrassonografia transvaginal com contagem de folículos antrais, feita no início do ciclo menstrual. Esse exame permite visualizar a quantidade de folículos em cada ovário, que representam o potencial de resposta a tratamentos de fertilidade.
Além desses, seu médico ginecologista pode solicitar outros exames hormonais, como FSH, LH e estradiol, para avaliar o funcionamento do eixo hormonal reprodutivo. A partir desses dados, é possível ter uma visão completa da fertilidade atual e traçar estratégias personalizadas para cada paciente.
O que fazer se a fertilidade já estiver reduzida?
Se os exames indicarem uma baixa reserva ovariana ou dificuldade para engravidar, é importante lembrar que existem caminhos possíveis. Em casos mais leves, o ginecologista pode orientar mudanças no estilo de vida, uso de suplementos e até tratamentos para estimular a ovulação.
Já em casos mais avançados, pode-se considerar técnicas de reprodução assistida. A Fertilização in Vitro (FIV), por exemplo, é uma opção que pode aumentar as chances de sucesso em mulheres com reserva reduzida. Cada caso deve ser analisado individualmente, considerando a idade, os exames e o desejo reprodutivo da paciente.
Para mulheres que no momento ainda não desejam engravidar, mas sabem que pretendem no futuro, podem avaliar a possibilidade de congelamento de óvulos. Esse procedimento permite preservar a fertilidade, aumentando as chances de uma gravidez futura, mesmo com a idade mais avançada.
Mantenha-se informada e conte com um bom especialista
Independentemente da idade, o mais importante é que a mulher tenha acesso a informações claras e a um acompanhamento confiável. Nem toda mulher que deseja adiar a gravidez precisa correr para congelar óvulos, mas entender o funcionamento do próprio corpo ajuda a tomar decisões mais seguras.
Conversar com um especialista em ginecologia e reprodução humana é fundamental para tirar dúvidas, interpretar corretamente os exames e entender quais opções fazem mais sentido para o seu momento de vida. A medicina evoluiu muito, e hoje temos alternativas seguras para quem deseja engravidar mais tarde — mas o tempo ainda é um fator relevante.
Como médico ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, busco sempre uma abordagem individualizada para cada paciente. Meu objetivo é te ajudar a encontrar a melhor solução para o seu caso e te ajudar a tomar uma boa decisão. Vamos conversar? Entre em contato comigo e agende uma consulta.